quinta-feira, 15 de julho de 2010

O Sonho de Karina


Desde pequena, Karina só tinha conhecido uma paixão: dançar e sonhar em ser uma Gran Ballerina do Ballet Bolshoi.
Seus pais haviam desistido de lhe exigir empenho em qualquer outra atividade.
Os rapazes já haviam se resignado: o coração de Karina tinha lugar para somente uma paixão e tudo mais era sacrificado pelo dia em que se tornaria bailarina do Bolshoi.
Um dia, Karina teve sua grande chance. Conseguira uma audiência com Sergei Davidovitch, Diretor Máster do Bolshoi, que estava selecionando aspirantes para a companhia.
Dançou como se fosse seu último dia na terra. Colocou tudo que sentia e que aprendera em cada movimento, como se uma vida inteira pudesse ser contada em um único passo.
Ao final, aproximou-se do Máster e perguntou-lhe:
- Então, o senhor acha que posso me tornar uma Gran Ballerina?
Na longa viagem de volta à sua aldeia, Karina, em meio às lágrimas, imaginou que nunca mais aquele "não" deixaria de soar em sua mente.
Meses se passaram até que pudesse novamente calçar uma sapatilha, ou fazer seu alongamento em frente ao espelho.
Dez anos mais tarde, Karina, já uma estimada professora de ballet, criou coragem de ir à performance anual do Bolshoi em sua região.
Sentou-se bem à frente e notou que o Sr. Davidovitch ainda era o Diretor Máster.
Após o concerto, aproximou-se dele e contou-lhe o quanto ela queria ter sido bailarina do Bolshoi e quanto doera, anos atrás, ouvir-lhe dizer que não seria capaz.
- Mas, minha filha, eu digo isso a todas as aspirantes, respondeu o Sr. Davidovitch.
- Como o senhor poderia cometer uma injustiça dessas? Eu poderia ter sido uma Gran Ballerina se não fosse o descaso com que o senhor me avaliou!
Havia solidariedade e compreenção na voz do Máster, mas ele não hesitou ao responder:
- Perdoe-me, minha filha, mas você nunca poderia ter sido grande o suficiente, se foi capaz de abandonar seu sonho pela opinião de outra pessoa.


O primeiro passo para realizar um objetivo, é ter a convicção de que é possível alcançá-lo, não importando em quantas tentativas.



(do Livro: Parábolas Eternas)